Talvez estas sejam as fotos mais antigas que tenho de mim mesma. Eu fui feita na Lua de Mel dos meus pais. Suspeitei por algum tempo que eu tinha vindo antes do casamento, mas não há sequer um motivo para duvidar da minha mãe porque ela seria a primeira a me contar e ainda dando risada.
Casaram-se em setembro, em junho nasci. Fiz as contas mil vezes e nada disso realmente importa porque eu gosto mesmo é de pensar que sou uma filha de Lua de Mel.
Imaginem isso, uma filha do auge da paixão, da descoberta do amor. Uma filha da virada de vida de duas pessoas, do momento onde tudo é esperança e ao mesmo tempo sonho se concretizando. Ele com 23, ela com 18, duas crianças e tanto amor envolvido.
Já sabiam muito bem o que queriam mesmo em tão tenra idade. Perguntei para mãe se não ficaram chateados por eu ter chegado tão cedo, pois não tiveram tempo de curtir e aproveitar mais a nova vida.
Casaram, e logo já estavam em função de fraldas e mamadeiras. Ela diz que não, diz que ficaram muito felizes e eu sei que ela igualmente me contaria a verdade (dando risada) caso fosse o contrário.
Ela pulou o carnaval com um baita barrigão, em cima das mesas dos Clubes nos famosos bailes em Pelotas. Foi um escândalo! As senhoras a olhavam com ar de reprovação absoluta — bem que ela fez, eu não me lembro, mas devo ter gostado muito de fazer parte desta transgressão.
Olho pra estas fotos com a incerteza de estar ali ou não mas com a certeza da felicidade plena que permeou o caminho desta união por 45 anos. Gosto de ver o pai como sempre foi até o fim, sempre sorrindo, sempre brincando e arruinando todas tentativas de fotografias sérias.
A mãe uma menina, sorriso imenso, linda de viver.
Eu tava, eu tava ali sim!
Como queria estar e como eu quis nascer do amor destes dois — e deste detalhe lembro, mesmo sem lembrar. Escolhi a última foto, elegi esta como sendo minha primeira foto neste mundo. Ela parece comigo, é antiga, desgastada pelo tempo como tudo o que gosto.
Tem o pai e a mãe sorrindo, tem um abraço apertado, tem carinho, tava frio e tem também, ao fundo, o mar.
Esperta que fui, não esperei e passei ao lado deles o maior tempo que pude. Sorte minha a minha sina.
Emocionante. Seus pais não são vivos, assim, fisicamente? Muito afetuosa a lembrança.
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Meu pai vive, hoje, dentro de mim. Saudade imensa. A mãe tá ouvindo Bee Gees no quarto dela! 😁
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Bee Gees é bom. Super semana
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